quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ter uma boa aula é direito seu.


Ter criado esse blog e o manter ativo com posts e atualizações, é uma maneira de diariamente me desafiar a livrar-me dos meus medos. Por muitos anos tinha ideias, vontade de dividir experiências, mas não confiava em meus pensamentos. Achava que dividir isso com os colegas aqui, seria uma atitude beirando a prepotência, à soberba, mesmo acreditando que meus pensamentos poderiam contribuir para a reflexão de tantos outros, ou pelo menos que se fizesse pensar sobre temas que considero relevantes na área em que atuo. 


Portanto parti para outro caminho. Tentei trabalhar minhas opiniões em meus trabalhos. Nunca abri mão de dar opinião com meus alunos, instigar os mesmos com questionamentos, provocá-los até que sentissem vontade, quase que uma necessidade, de emitir suas opiniões também. E aí foi o imenso ganho que tive. Quem é professor sabe do que estou falando. Diariamente somos colocados em situações, opinamos e vivemos experiências com os alunos que nenhum outro lugar havia conseguido até então, fazer refletir sobre tal acontecimento. É realmente um aprendizado intenso e contínuo. Muitas vezes discordo de algumas opiniões e de alguns alunos, mas acabo levando aquelas opiniões pra casa, reflito, e lá na frente, um dia, percebo que aquela fala que inicialmente havia discordado, faz sentido para explicar o pensamento daquele aluno. Hoje em dia quando discuto com um aluno, sempre gosto de deixar claro que eu entendo e respeito a opinião do aluno, mas que discordo em alguns pontos ou completamente (quando discordo de algum aluno) e tento expôr o meu ponto de vista sobre a mesma questão sem dar a entender que a minha opinião é superior ou a correta sempre. E esse tempo de troca em aulas e treinamentos esportivos, me deu uma segurança maior de vir aqui, criar um blog com meu nome e dividir experiências, sem o medo inicial de me achar confiante demais ou medo do que outros iriam pensar vindo aqui ler minhas ideias e pensamentos.


Estou a dizer tudo isso, porque acredito que uma boa formação, uma formação que faça o aluno pensar, refletir e construir seus conhecimentos, assessorado pelo professor, que também diariamente reconstrói suas ideias diante das trocas com seus alunos, é um direito que tem de ser ofertado pela minha pessoa aos meus alunos. É direito do aluno receber uma formação de qualidade, que não o direcione para um pensamento, mas que o contraponha algumas vezes, concorde em outras, mas que nunca, o desmotive a continuar buscando seu caminho, a tentar construir pensamentos concretos, lógicos e possíveis de serem tomados para sua vida. É obrigação minha oferecer conteúdo, discutir, propor, pedir desculpas quando erro, reconhecer as ideias inovadoras dos alunos, e não me confortar por estar numa posição hierárquica de "maior conhecimento".


Mas infelizmente não é isso que vejo por aí. O que tenho recebido de informações de ex alunos meus, que hoje estão em universidades buscando sua formação de qualidade, é de que existem professores, mestres e doutores acomodados, que pregam a mediocridade, que não se atualizam e que inventam na hora o que vão dar em aula, partindo do princípio de que a ignorância do aluno sobre tal disciplina, não o fará perceber que ele apenas "enrola" em sua aula. Que ele não se planeja, que ele não acrescenta e se vale do poder hierárquico docente para fazer qualquer coisa em aula. 

Acredite em mim, existem diversos professores assim. Essa semana, descobri alguns dentro da principal faculdade de Educação Física do DF (pelo menos é considerada como tal), lá descobri professores que por não ter nada planejado, baseiam suas aulas em carisma, sorrisos, e se escoram no discurso da aula democrática para deixar os alunos falando, debatendo, e não acrescentam em nada, não direcionam, não problematizam, propagando uma ideia aos futuros professores que lá estão estudando, que isso é tudo. Que dar aula assim é ser da linha da escola humanista (está muito longe disso), e é assim que eles vão levando. E sabe qual é o fim disso tudo? A história vai continuar tranquilamente. 


Tratar o aluno como um ser incapaz de lhe acrescentar algo, é agir com soberba sobre a educação.

Os alunos por não terem um senso crítico apurado deixam isso passar, "a matéria é tranquila, então beleza", se todos passarem então, melhor ainda (não estou sendo a favor da reprovação como demonstração da qualidade de ensino). No fim do semestre existe uma avaliação dos professores. E para manter o pacto da mediocridade, "não vai pegar bem eu contestar o método do professor, né? Quem sou eu para questionar o que ele passa de conhecimento?" E assim, os alunos assinam embaixo com esse tipo de aula e de professor.


Quero deixar claro que existem outros tantos professores competentes e envolvidos nesse meio, mas que por existirem esses bons profissionais, acabamos aceitando os outros que enganam, pra manter um equilíbrio de tudo. Discordo completamente dessa opção feita por todos nós. É direito seu, meu e de todos, exigirem uma formação de qualidade e um profissional que me faça pensar, que busque alternativas para se atualizar e que tenha bom senso ao planejar e dar suas aulas.

Aproveitando a fala de que é um direito seu. Venho aqui postar um vídeo excelente que fala sobre os direito humanos, com uma excelente produção e excelente texto. Pergunto ao fim deste vídeo a todos vocês:



Você tem lutado e exigido seus direitos quando está em algum processo de formação? Lembre-se: você tem direito de ter professores de qualidade. Não se sabote! Não se avalie pelo número de títulos que ele tem comparado a você. Avalie pela qualidade de sua aula e pela capacidade que ele tem de ser justo com o que programou para lecionar no semestre. Talvez a sua luta não ajude imediatamente a qualificar suas aulas, mas pode ter um impacto direto nos futuros alunos que virão a estudar por lá. Pense nisso.

Abraço a todos e fiquem com o vídeo.


Um comentário:

Lari disse...

Botei fé Rodrigo. Eu, que achava perda de tempo fazer aula de Educação Física, que detestava jogar bola e reclamava como se voces fossem uns ditadores. Hoje eu ainda não sou muito fã de jogar bola.. xP mas vejo o quanto o esporte faz uma pessoa crescer, e admiro muito quem luta por essa filosofia. Valeu! ;]