terça-feira, 28 de junho de 2011

Vídeos interessantes

Tenho me cobrado atualizar com maior frequência este blog.
Logo, vou aproveitar que nestas duas últimas semanas, dois vídeos me chamaram a atenção.
Primeiramente, um dos meus "blog inspiradores", Rodrigo Alves, do blog Rebote, postou um vídeo com os bastidores das finais do NBB3. Além de ser uma iniciativa muito bacana dele em procurar criar esse vídeo e de o mesmo mostrar curiosidades de como é um clima de final, também posto este vídeo pelo desfecho monumental do meu querido amigo Rossi, jogador do Uniceub/BRB, que encerra (tinha como continuar o vídeo após aquela cena?) com uma dança, que ainda não foi definida pelos especialistas, a qual estilo de dança pertence.

E por fim, um programa tradicionalmente feito para jogadores de futebol, com algumas exceções e que agora teve como exceção o Basquete. O programa Expresso do Esporte mostra um pouco de como é a vida de Anderson Varejão em Cleveland, revelando algumas curiosidades do atleta e outras curiosidades de como funciona uma equipe da NBA.

Dois vídeos interessantes que merecem ser postados e divididos com vocês.

Aproveitem!




NBB-3: As finais por dentro from Rodrigo Alves on Vimeo.



sábado, 25 de junho de 2011

Formar bem vai muito além.



Passei esta manhã pesquisando vídeos de uma área que adoro aprender cada vez mais. Achei alguns vídeos sobre footwork (trabalho de pés). Este tipo de trabalho é a base para os esportes em geral que dependem de mudanças de direção, variação de velocidade, explosão e agilidade. O footwork é pouco usado de maneira específica na formação de jovens. Normalmente os professores de escolinhas tendem a ensinar os movimentos da modalidade e cometem algo que considero um erro grave: Repetem apenas os movimentos específicos da modalidade numa exaustiva rotina de ações pouco variadas. Principalmente quando se é jovem, é importante incentivar as mais diversas habilidades. Não é porque o esporte é basquete, handebol ou tênis, que a criança ou jovem não precise de aprender a lidar com a habilidade óculo pedal (habilidade relacionada entre visão e movimento de pés). E sendo assim, muito se perde na formação, já que, se você se der a chance de planejar e ser criativo, será capaz de fazer atividades, lúdicas, através de desafios motores capazes de estimular a capacidade de reação das crianças e jovens. Essa ideia já é bem vista por muitos profissionais no Brasil, mas ainda é excessão. Tanto não é tradição em nosso País, que normalmente pouco enxergamos este tipo de trabalho e costumamos olhar os grandes astros como atletas dotados de um dom magnífico. Sinceramente não acredito nisso. Acredito que estes atletas juntaram seus talentos com treino de formação de boa qualidade. Posso dar um exemplo clássico aqui. Experimente observar este atleta do vídeo. É um dos maiores jogadores da história da NBA e ainda em atividade. Mas queto te lançar um desafio: 

Não foque sua atenção às cestas e malabarismos. Fique atento ao trabalho de pés deste atleta. Note como ele não cansa de se utilizar de fintas de pés e falsos cortes para desestabilizar os adversários.
Como ele aprendeu isso? Veio junto no "pacote de dom magnífico"?




Pois bem, é preciso acreditar em uma formação mais completa. Independente se a criança se tornará jogador ou não. Estamos falando de uma alfabetização no Brasil. Mas neste caso de uma alfabetização motora.
Com trabalho de formação que não seja apenas o mecânico(algo a ser visto e executado), a criança começa aprender a usar suas habilidades a seu favor, e melhor, a encaixar suas escolhas de movimentos, finalização ou o que quer que seja, de acordo com o que vê a sua frente. Estimula sua capacidade de leitura da situação e de tomada de decisão. Dessa forma, ela não fica presa ao conceito "o certo é assim". Ela certamente descobrirá o certo da melhor forma que ela poderá praticar. Este tipo de formação já é uma vertente muito utilizada em outros países. E trabalhando dessa maneira, estimulando as diversas habilidades e áreas do corpo humano,  alguns foram muito beneficiados com estas ideias.




Ao falar deste tema, corro dois perigos nisso tudo:

1. Muitos vão olhar pra este tipo de trabalho e vão dizer: "Agora não se pode mais ensinar os movimentos do esporte em questão? Temos de inventar brincadeiras? Comprar materiais coloridos pra chamar a atenção?"

Não! Não é essa mensagem que eu quero passar. Quero dizer que precisamos acrescentar à formação esportiva, trabalhos de coordenação motora geral, atividades que desafiem a parte motora de nossas crianças e que acrescentem em sua capacidade de fazer leitura das situações. A ideia aqui é acrescentar e não colocar um contra o outro.

2. Outros dirão: "Isso é especialização precoce! Treinamento para crianças, nunca! "

Nada disso. Muitos confundem trabalhar as questões motora como um trabalho focado apenas no trabalho motor e muitos acabam por utilizar a nomenclatura "esporte alto rendimento". É uma grande inverdade. Muitos se utilizam deste discurso porque não dominam a área desenvolvimentista e alegam que este tipo de trabalho não  estimula a formação social e pessoal da criança ou jovem atleta. Muito pelo contrário. Este tipo de trabalho, como diz o autor Adroaldo Gaya, incentiva o auto rendimento, faz a criança se perceber melhor e dá a ela a autonomia de correr atrás de sua evolução. A cada passo conquistado neste tipo de trabalho a criança tem sim um ganho de auto estima por se descobrir cada vez mais capaz. Juntando este trabalho ao esporte, ele verá que suas habilidades deverão ser encaixadas a um macro chamado grupo. Este tipo de percepção e ganho não tem preço. E além disso, é um tipo de legado motor que fica pra criança.

Enfim, o tema é realmente instigante e quero escrever mais vezes sobre a temática. O que mais me anima nisso tudo é que já existe gente boa e qualificada começando a fazer esse trabalho pelo Brasil. 
Isso me dá esperança numa formação mais qualificada em um breve futuro.





É importante deixar claro que uma boa formação envolve aspectos motores, sociais, afetivos, cognitivos , psicológicos e outros mais. O que fiz aqui foi tocar em uma destas áreas.
É preciso continuar estudando, pesquisando e se arriscando a fazer algo diferente. 
Experimente começar a olhar as grandes jogadas dos esportes de uma maneira mais ampla. 
Você descobrirá que talento é importante, mas uma boa formação é fundamental.

Abraço a todos!

domingo, 19 de junho de 2011

O que aprender com o basquetebol ?

Existem diversas razões fascinantes para ser professor. Uma das que acho que mais me acrescentam é o fato de você poder conhecer e se relacionar profissionalmente com pessoas diferenciadas. No meio de sua luta pessoal pra fazer o seu trabalho, acaba se deparando com profissionais ímpares e que de alguma maneira acabam acrescentando na sua formação profissional. Este é o caso de um professor em Brasília chamado Marco Costa, mais conhecido como Marcão. 

Marcão em um de seus "milhares" de jogos.


Marcão é um apaixonado por Basquete e que tem como grande característica em seu trabalho, a capacidade  de trabalhar a formação integral de seus atletas. Em alguns posts atrás por aqui, postei um início de estudo dos professores Ronaldo Pacheco e Joanatas Maia (que vocês podem conferir aqui), onde discutiam sobre o mito de que existem técnicos/professores formadores (educadores) e técnicos/professores competitivos, como se no alto nível ou em um nível maior de competitividade o professor e também técnico não pudesse ter todas estas qualidades de formação técnica, tática e humana.

Isto é uma questão que deveria ser discutida na formação de professores e técnicos aqui no Brasil, onde nossa cultura e concepção de esporte diz que para vencer é preciso abrir mão de seus valores em alguns momentos. Pena que há pouco espaço para debate destas questões e que nossos "queridos" narradores e apresentadores de futebol na TV sejam a referência nacional para discutir esporte (isso é papo pra um futuro post). Pois bem, Marcão é destes professores que deixam marcas significativas, registros na memória e principalmente na formação de seus alunos/atletas. 

Em uma passagem anterior nossa por um blog de basquete, meu querido amigo Marcão havia escrito um post simples e direto sobre o que aprender com este esporte que tanto amamos. Ao encontrá-lo e conversar brevemente sobre basquete, perguntei se poderia publicar seu artigo por aqui, e como a publicação foi liberada, estou aqui pra dizer que o que Marcão escreve é a mais pura síntese de sua prática. Um professor que tenta associar os aprendizados técnicos e de jogo para os aprendizados de fora da quadra. Marcão não é daqueles que usa um discurso bonito de se ver mas que inexiste em seu trabalho. Marcão é ação, amor ao esporte e sonhador como só ele, tenta fazer de sua retidão profissional um exemplo para as gerações que por ele passam e passaram. Já vi Marcão vencer diversos jogos e perder tantos outros, já assisti jogos dele em encontros de Minibasquete (Iniciação 12 anos) e o vi em Campeonatos Nacionais de base. E independente do nível da competição, Marcão foi sempre exemplo, pautado por fazer o seu melhor e tentar extrair o melhor de cada um em busca do objetivo de uma equipe. São por profissionais assim que vale a pena tentar viver e estudar cada vez mais sonhando com uma modalidade melhor trabalhada e difundida em nosso País.

Aproveitem o texto do professor Marcão!



O que aprender com o basquetebol?

Muitos esperam aprender a fazer cestas, ganharem milhões, serem famosos e reconhecidos nas ruas ou serem heróis, mas o que se aprende realmente jogando basquete? O Basquete é um esporte de grupo, de equipe. Não se joga nem se ganha sozinho. Um depende do outro para que o jogo aconteça. É fato comprovado pela história, nenhum grande jogador é campeão sozinho, o grande time vencedor do Chicago Bulls levou 6 anos após a chegada de Michael Jordan para vencer o primeiro campeonato da NBA. Não bastava ter um gênio, era necessário construir uma equipe.

O treinamento de um grupo de atletas deve ter o ensino do drible, do passe, do arremesso, da marcação, a serviço de uma meta, de um projeto maior do que, simplesmente, ensinar o jogo de basquete.

Ao se iniciar o treinamento de um grupo de atletas definir a filosofia de trabalho é um dos primeiros passos.

Assumir uma filosofia, um pensamento, algo que reúna que sintetize o pensamento de todos. É com base nesta filosofia, usando ela como pilar que se inicia a construção de um grupo. Esta base tem que ser sólida e agregar valores da sociedade. Essencial neste momento é formar primeiro o homem, o ser humano: caráter, honestidade, autoconfiança, humildade, solidariedade, reconhecimento, devem estar presentes. Como conseqüência teremos um “atleta” na essência da palavra.


O caminho que se trilha deve estar recheado com os fundamentos do basquete, mas a essência é a formação do ser humano. Capaz de perceber que do outro lado, como adversário, está outro ser humano que merece respeito e admiração, pois no mínimo tem um ponto em comum, “o basquete”. Capaz de perceber que ao seu lado existem mais seres humanos, que acertam e erram, e que continuam ao seu lado.



Viver e entender o paradoxo de que o adversário é companheiro e que companheiro também é concorrente, consolida a visão do ser humano que vive em sociedade, em grupo, que partilha a alegria e a dor, a frustração e a euforia e encontra no semelhante o exemplo e o desafio.
Para a criança, aprender brincando é parte do crescimento. Desde os primeiros momentos, as primeiras brincadeiras, a filosofia do técnico deve estar presente e servir de parâmetro para orientar os desafios. Se o aluno que termina primeiro é sempre o que recebe a glória estaremos dizendo que o que vale é vencer. Por outro lado, se valorizamos aquele que não chegou primeiro, mas se esforçou para concluir estaremos jogando luz sobre o esforço, a dedicação. Desta forma, pode surgir a solidariedade, o momento em que vencer pode ser partilhado com alguém que ajudou na conquista. A filosofia de ensinar algo mais do que simplesmente jogar basquete tem que estar à frente, orientando, e ao mesmo tempo dentro de tudo o que se faz, permeando todas as ações. Dar oportunidade a todos, mesmo àqueles que não parecem ter aptidão, acreditar na construção dos alicerces da formação do ser humano, mesmo que não possam ser vistos.


Com o basquete, temos a oportunidade de aprender a “ser gente” e, de quebra, aprender a defender, passar, driblar e fazer cestas.

Eis o que aprender...



Marco Costa