sábado, 31 de dezembro de 2011

O encerramento e o recomeço.

O ano aqui no blog terminou bem mais cedo do que imaginava. Faltou "fôlego" pra entrar nessa reta final do ano postando. São muitos posts e vivências que gostaria de dividir que estão arquivadas sem serem postadas. Quem sabe com a empolgação do início do ano eu tome coragem de vir postar tudo ou pelo menos alguns posts arquivados. 


Mesmo assim gostaria de vir aqui agradecer a todos que por aqui passaram. Neste ano tomei a decisão de perder os medos de escrever e opinar sobre minhas duas paixões: Basquete e Educação Física Escolar.

E com o pouco que escrevi neste ano (pretendo postar bem mais 2012, será?) tive um retorno maravilhoso, conheci pessoas graças à este espaço e posso dizer que foi um prazer diferente e inesperado. 

Pretendo fazer algo maior para o ano que vem. Estou me articulando e pensando lançar algo este novo projeto a partir de março. Mas até lá continuarei com meus posts por aqui.

O mais importante de tudo é que neste espaço me redescobri, aprendi que podemos (e devemos) nos envolver mais com o que acreditamos e tentar fazer o melhor sempre, com dedicação, muito suor e certas vezes momentos de incerteza, insegurança e dúvidas. É disso que a vida é feita e isso que dá graça à tudo. No final das contas, acreditem em mim, o resultado disso tudo é um orgulho imenso de que se tentou fazer algo digno. Com ganhos e perdas, mas acima de tudo com aprendizados. 

Espero realmente evoluir neste espaço aqui e oferecer cada vez mais um conteúdo mais qualificado. E devo isso tudo a dois fatores: A cada um que por aqui passou e que contribuiu pra que eu acreditasse em vir aqui postar mais e aos meus alunos, atletas e colegas de trabalho(foram muitos trabalhos esse ano) que me deram a chance de aprender, discutir e tentar evoluir com eles.

Sucesso a todos em 2012 e continuem batalhando e lutando por seus ideias. Prometo fazer o mesmo daqui de onde estou!

Abraço à todos.




PS: Acho a narrativa do vídeo algo que precisaria ser debatida, pois aparenta um pouco determinista demais. Mas vale a pena pra refletir um pouco nessa época de fim de ciclo e início de tantos outros.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O início de Michael Jordan

Encontrei uma série de jogadas, dividida em dois vídeos, sobre a carreira de Michael Jordan antes de entrar para a NBA.


Nestes vídeos, são mostradas diversas jogadas na época em que defendeu a Universidade da Carolina do Norte e também quando defendeu a Seleção Olímpica de seu país.

Nos vídeos podemos notar o jogo de Michael com uma vitalidade incrível de quem queria ser alguma coisa na modalidade. Suas jogadas são muitos mais explosivas do que técnicas, mas nestes lances já é possível notar o início da formação do repertório de jogadas que Michael acabou criando e utilizando em sua carreira vitoriosa na NBA.


É sempre bom ver cenas de um atleta consagrado em momentos em que ele era apenas mais um jogador, lutando ainda para alcançar reconhecimento e vitórias para sua equipe. Isso mostra que seu talento não foi construído da noite para o dia. Michael construiu seu jogo baseado na sua história de vida, nas oportunidades que teve e na incansável luta diária de treinamento.

Esse é o desafio que temos no Brasil: De mostrar que o talento é fruto de muito trabalho e com uma construção não só de jogadas, mas de uma formação ampla que o ajuda a ser um jogador diferenciado. 


Os vídeos mostram diversas jogadas bem interessantes, não só como um pontuador, mas como um jogador que dá passes e recupera bolas para sua equipe.

Aproveitem.

Abraço à todos.





segunda-feira, 28 de novembro de 2011

One

Gosto muito desse vídeo (e música) e de diversas mensagens que ele passa.

Já o postei logo que criei esse blog, mas hoje resolvi postá-lo novamente.

Simplesmente porque ele me faz lembrar que equipe é um grupo só.

E esse mesmo grupo cai junto, levanta junto e se equilibra um no outro quando escorrega.

Sem mais.

Abraço a todos.



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ter uma boa aula é direito seu.


Ter criado esse blog e o manter ativo com posts e atualizações, é uma maneira de diariamente me desafiar a livrar-me dos meus medos. Por muitos anos tinha ideias, vontade de dividir experiências, mas não confiava em meus pensamentos. Achava que dividir isso com os colegas aqui, seria uma atitude beirando a prepotência, à soberba, mesmo acreditando que meus pensamentos poderiam contribuir para a reflexão de tantos outros, ou pelo menos que se fizesse pensar sobre temas que considero relevantes na área em que atuo. 


Portanto parti para outro caminho. Tentei trabalhar minhas opiniões em meus trabalhos. Nunca abri mão de dar opinião com meus alunos, instigar os mesmos com questionamentos, provocá-los até que sentissem vontade, quase que uma necessidade, de emitir suas opiniões também. E aí foi o imenso ganho que tive. Quem é professor sabe do que estou falando. Diariamente somos colocados em situações, opinamos e vivemos experiências com os alunos que nenhum outro lugar havia conseguido até então, fazer refletir sobre tal acontecimento. É realmente um aprendizado intenso e contínuo. Muitas vezes discordo de algumas opiniões e de alguns alunos, mas acabo levando aquelas opiniões pra casa, reflito, e lá na frente, um dia, percebo que aquela fala que inicialmente havia discordado, faz sentido para explicar o pensamento daquele aluno. Hoje em dia quando discuto com um aluno, sempre gosto de deixar claro que eu entendo e respeito a opinião do aluno, mas que discordo em alguns pontos ou completamente (quando discordo de algum aluno) e tento expôr o meu ponto de vista sobre a mesma questão sem dar a entender que a minha opinião é superior ou a correta sempre. E esse tempo de troca em aulas e treinamentos esportivos, me deu uma segurança maior de vir aqui, criar um blog com meu nome e dividir experiências, sem o medo inicial de me achar confiante demais ou medo do que outros iriam pensar vindo aqui ler minhas ideias e pensamentos.


Estou a dizer tudo isso, porque acredito que uma boa formação, uma formação que faça o aluno pensar, refletir e construir seus conhecimentos, assessorado pelo professor, que também diariamente reconstrói suas ideias diante das trocas com seus alunos, é um direito que tem de ser ofertado pela minha pessoa aos meus alunos. É direito do aluno receber uma formação de qualidade, que não o direcione para um pensamento, mas que o contraponha algumas vezes, concorde em outras, mas que nunca, o desmotive a continuar buscando seu caminho, a tentar construir pensamentos concretos, lógicos e possíveis de serem tomados para sua vida. É obrigação minha oferecer conteúdo, discutir, propor, pedir desculpas quando erro, reconhecer as ideias inovadoras dos alunos, e não me confortar por estar numa posição hierárquica de "maior conhecimento".


Mas infelizmente não é isso que vejo por aí. O que tenho recebido de informações de ex alunos meus, que hoje estão em universidades buscando sua formação de qualidade, é de que existem professores, mestres e doutores acomodados, que pregam a mediocridade, que não se atualizam e que inventam na hora o que vão dar em aula, partindo do princípio de que a ignorância do aluno sobre tal disciplina, não o fará perceber que ele apenas "enrola" em sua aula. Que ele não se planeja, que ele não acrescenta e se vale do poder hierárquico docente para fazer qualquer coisa em aula. 

Acredite em mim, existem diversos professores assim. Essa semana, descobri alguns dentro da principal faculdade de Educação Física do DF (pelo menos é considerada como tal), lá descobri professores que por não ter nada planejado, baseiam suas aulas em carisma, sorrisos, e se escoram no discurso da aula democrática para deixar os alunos falando, debatendo, e não acrescentam em nada, não direcionam, não problematizam, propagando uma ideia aos futuros professores que lá estão estudando, que isso é tudo. Que dar aula assim é ser da linha da escola humanista (está muito longe disso), e é assim que eles vão levando. E sabe qual é o fim disso tudo? A história vai continuar tranquilamente. 


Tratar o aluno como um ser incapaz de lhe acrescentar algo, é agir com soberba sobre a educação.

Os alunos por não terem um senso crítico apurado deixam isso passar, "a matéria é tranquila, então beleza", se todos passarem então, melhor ainda (não estou sendo a favor da reprovação como demonstração da qualidade de ensino). No fim do semestre existe uma avaliação dos professores. E para manter o pacto da mediocridade, "não vai pegar bem eu contestar o método do professor, né? Quem sou eu para questionar o que ele passa de conhecimento?" E assim, os alunos assinam embaixo com esse tipo de aula e de professor.


Quero deixar claro que existem outros tantos professores competentes e envolvidos nesse meio, mas que por existirem esses bons profissionais, acabamos aceitando os outros que enganam, pra manter um equilíbrio de tudo. Discordo completamente dessa opção feita por todos nós. É direito seu, meu e de todos, exigirem uma formação de qualidade e um profissional que me faça pensar, que busque alternativas para se atualizar e que tenha bom senso ao planejar e dar suas aulas.

Aproveitando a fala de que é um direito seu. Venho aqui postar um vídeo excelente que fala sobre os direito humanos, com uma excelente produção e excelente texto. Pergunto ao fim deste vídeo a todos vocês:



Você tem lutado e exigido seus direitos quando está em algum processo de formação? Lembre-se: você tem direito de ter professores de qualidade. Não se sabote! Não se avalie pelo número de títulos que ele tem comparado a você. Avalie pela qualidade de sua aula e pela capacidade que ele tem de ser justo com o que programou para lecionar no semestre. Talvez a sua luta não ajude imediatamente a qualificar suas aulas, mas pode ter um impacto direto nos futuros alunos que virão a estudar por lá. Pense nisso.

Abraço a todos e fiquem com o vídeo.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

De que vexame estamos falando?

Mais uma vez escrevo um texto discordando das definições da mídia sobre o esporte. Dessa vez, era cobertura do Parapanamericano em Guadalajara. A matéria trazia resultados expressivos do Brasil que acabou sendo o vencedor no quadro geral de medalhas. Mas para "ensinar" um pouco mais sobre esporte, o repórter traz uma cobertura dos jogos de basquete onde o Brasil enfrentou a Argentina no masculino e feminino. No primeiro jogo, o Brasil perdeu de 24 pontos de diferença. E o repórter trata aquela derrota como vexame. Assistam o vídeo, por favor:

                          

Me perdoem o desabafo por aqui. Mas quem somos nós pra falarmos de vexame de esportistas amadores no Brasil? O que o nosso país oferece para estes atletas se superarem a atingirem resultados expressivos? E olha que estamos falando o país primeiro colocado no quadro de medalhas do Parapan.

Será que estes atletas abririam mão de sua participação porque ela seria permeada por um "vexame"? Pra mim apenas uma total falta de conhecimento da modalidade, na qual perder por uma diferença de 24 pontos não significa vexame, vergonha ou coisa parecida. Já perdi jogos de 30 pontos ou mais e consegui perceber que meus atletas haviam se superado e feito uma partida incrível. Mas essa é a opinião popular, que só valoriza o ápice, a vitória, custe o que custar. Triste realidade em que me decidi que de agora em diante, quando perceber que algo do tipo anda sendo veiculado, virei aqui tentar questionar se é isso mesmo que entendemos como vexame ou coisa que o valha.

Vexame é o que aconteceu (e ainda está acontecendo) aqui em Brasília no Mundial de Patinação. Os mais de mil atletas de 32 países têm a disposição deles um ônibus e uma van para participarem da competição. Além disso, devido as chuvas na cidade, o ginásio Nilson Nelson foi tomado por goteiras no meio da pista que foram "remediadas" com baldes, mas que acabaram por cancelar disputas, tamanha a chuva "inesperada" para esta época. O ginásio também foi tomado por mosquitos e ao tentar se tratar de forma emergencial esta questão, a empresa chamada para consertar a cobertura se negou a prestar serviço, devido a antigo calote realizado pelo Governo do DF. Os banheiros da competição são sujos, sem papel higiênico e onde deveria se ter uma estrutura para alimentação de atletas e delegações, existe um barzinho vendendo "lanches". Isso está acontecendo no 56º Campeonato Mundial de Patinação, se você mora em Brasília, vá lá conferir e se indignar.

Clique aqui se você quer saber um pouco mais sobre o que é dar vexame.


Vexame é fazer isso com o nome do Brasil. Vexame é tratar o esporte como uma atividade de brincadeira, encostada na lista de prioridades de formação humana. Vexame maior está ao lado do Nilson Nelson, com o ginásio Claudio Coutinho "entregue às baratas", espaços públicos esportivos enferrujando, escolas por todo o Brasil com quadras destroçadas, mal conservadas e com números gigantescos de crianças participando de projetos sociais nos sites do governo como se tudo estivesse evoluindo e bem.

Vexame é tratar o Ministério do Esporte como cabide de empregos como foi feito nos últimos anos, vexame é o governador do DF não ir a abertura da competição de patinação aqui citada, neste domingo, com medo de ser vaiado ou receber duras críticas e cobranças.

Vexame é brincar de governar, gastar milhões com assessores. Vexame é falar que somos o país do futebol com uma diversidade imensa que temos em nosso país (Graças a Deus!). Vexame é gastar milhões com esporte de alto rendimento e não gastar nem perto do mesmo montante com o esporte de formação, com formação de professores capacitados.

E eu ainda tenho de assistir uma matéria vendo cadeirantes brasileiros (já trabalhei com esta modalidade e sei a dificuldade que eles passam) perderem um jogo e serem rebaixados como atletas que em uma dia de disputa deram um vexame para o nosso Brasil.





sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Entre aulas e piadas.

Era uma aula de Educação Física no início do ano, e sempre de início, é preciso se preocupar com algumas tarefas importantes que precisam ser pontuadas em aula. Umas das principais tarefas no início do ano que vejo nas aulas desta disciplina, é o fato de ir, aos poucos, formando um conceito do que vai ser trabalhado durante todo o ano na escola. Sempre acontece de entrarem alunos novos e muitos ainda estarem se conhecendo. Neste caso que vou contar, eu também era professor novo, e aí existe um ingrediente a mais, pois quando somos novos no ambiente de trabalho, temos também de vencer a questão da imagem do professor de Educação Física na escola. É preciso vencer a imagem de que também temos algo a oferecer como conteúdo (tema para futuro post), que damos aula e não apenas rolamos a bola (infelizmente acontece demais por aí) para todos jogarem se "se divertirem" (nem todos se divertem e aprendem algo nesse formato).

Uma aula decente de Educação Física é feita de práticas e momentos de conversa e reflexão também.


Pois bem, além de conhecer os alunos, entender que ainda estão se conhecendo e superar a ideia de que na nossa área não se dá aula e apenas se recreia, era preciso superar outras questões. Quando tratamos de jogos, esportivos ou não, o que acontece nas aulas são situações riquíssimas para serem trabalhadas. Nem todas são muito positivas. É muito comum os alunos agirem de forma preconceituosa, egoísta e corporativa (no sentido pejorativo da palavra). Muitos alunos expõem tranquilamente que não querem ficar em determinada equipe, pois aquela equipe é mais fraca ou porque determinados jogadores são piores e irão atrapalhar seu rendimento. Essa situação é muito comum, mais evidente entre os mais novos, talvez pela ingenuidade e total franqueza, e um pouco mais velada entra os mais velhos.

Não é tão simples "negociar" durante as aulas nestas situações. Mas sempre tento mostrar que aquela equipe é composta por diferentes pessoas de diferentes tipos de habilidades. Que quem reclama também tem seus defeitos e que seria interessante todos trabalharem uma habilidade em comum, que seria a habilidade de organização, posicionando, se comunicando e extraindo o melhor de cada um para um rendimento proveitoso da equipe. Mas pelo tempo de trabalho e experiências vividas, sempre gosto de deixar claro aos alunos que organizar-se e tentar fazer o melhor não significa que irá vencer. Neste tempo de aula, muitos alunos já se esforçaram ao máximo, deram uma chance para o meu discurso e fizeram o máximo para tentar vencer. Mas como muito de praxe acontecia, aquela equipe que não vencia ou que não conseguia colocar 100% em prática do que havia combinado, justificava a antiga reclamação pra mim:

"Tá vendo, professor!? Eu não te falei que não ia dar certo? Não jogamos nada, não vencemos e você nos colocou em uma equipe mais fraca!"

É importante fazer com que os alunos percebam que o jogo vai além do resultado


Essa situação é riquíssima, pois é neste exato momento que posso falar sobre alguns valores importantes que acontecem na aulas de Educação Física. Primeiramente falo de que não podemos julgar a aula ou jogo se foi bom ou não pelo resultado. "Se venceu, foi ótima a aula, se perdeu, foi tudo uma desgraça!" É preciso superar mais uma vez esse discurso. E em consequência disso gosto de falar que é importante enxergar o processo de tudo o que aconteceu. Quais foram as falhas na organização? O que faltou para transformar as ideias criadas em boas práticas? E o adversário? Não teve seu méritos?

Enfim, tudo isso pra dizer que a discussão que sai disso tudo é muito proveitosa se você tiver paciência para lidar com essa fase da maturidade de seus alunos. É você o responsável e a pessoa mais madura naquela aula (na teoria seria você) para poder ouvir as opiniões, reclamações e discordâncias, para tentar tirar algo daquilo tudo. Isso sim é trabalhar o esporte, o jogo e a aula de Educação Física em algo formador de opinião crítica e educacional.

A intervenção do professor pode ser o diferencial.
Muitos professores colocam a culpa no esporte por este tipo de pensamento e eu acho uma grande inverdade. Isso é um senso comum, uma distorção existente. E a prova disso é que diversos adultos, pessoas ditas equilibradas e sensatas, quando se encontram em uma atividade de jogo e confronto, acabam atuando e se comportando da mesma maneira, alegando que o esporte permite este tipo de destrato, preconceito e destempero. Eu condeno completamente isso e credito muito disso à nossa cultura. A maneira folclórica como tratamos o jogo e o esporte. Essa é a maneira como infelizmente nossa área é vista. Como uma grande brincadeira e não como uma extensão da nossa formação humana.

Nesta turma em que eu era novo na escola, certa vez uma equipe que dividi para o jogo, veio reclamar comigo dizendo que não iam nem ter chance de jogar e que aquela partida seria como se uma equipe da Série D fosse enfrentar uma da Série A do campeonato brasileiro de futebol. Gostei do exemplo deles e fui além. Perguntei se eles se lembravam do que havia acontecido no mundial interclubes de futebol meses antes, onde uma equipe desconhecida chama Mazembe, venceu a equipe do Internacional de Porto Alegre e foi fazer a final do mundial de clubes contra a Inter de Milão. Aqueles que mais reclamavam e se achavam injustiçados foram se calando e ficaram pensativos, os que sofriam o preconceito de serem indiretamente chamados de "perna de pau", foram se soltando e lembrando que a equipe havia superado e feito o contrário do que esperavam dela. 

Tentei usar a equipe do Mazembe como inspiração para uma boa reflexão.

Fui um pouco além e contei que assisti o jogo e que o que me surpreendeu mais do que a vitória sobre o Inter de Porto Alegre, foi o fato deles entrarem para a final extremamente confiantes na vitória também contra o Inter de Milão. Na final eles perderam por 3x0, mas ao meu ver, eles tentaram ao máximo vencer aquela partida, até de forma atabalhoada tentando cavar penalidades máximas, mas acima de tudo, haviam se dado a chance de fazer o melhor deles e superar seus limites. E dentro desta proposta, fizeram história como a primeira equipe fora do eixo América-Europa a disputar uma final do Mundial de Clubes.

Chegando em casa após aquela aula, fui na internet procurar algum vídeo que falasse sobre a participação do Mazembe no Mundial para passar aos alunos. Ao procurar, achei este onde me mostrava uma outra leitura daquela final. Uma leitura que considero pobre e midiática. A leitura de que o esporte é uma grande piada. Nada contra as piadas, mas muito contra a só conseguirem falar de esporte hoje em dia nesse formato. Naquela hora pensei que meus alunos naquela turma são muito mais vítimas do que responsáveis por pensarem daquela forma preconceituosa, acreditando piamente que não valia de nada o esforço quando pensavam que perderiam fácil. É claro, eles são "bombardeados" por este tipo de informação diariamente e nossa cultura adora valorizar o folclore ao invés de tratar o esporte como uma das formas de instruir o nosso povo que tanto carece de boa informação. 

Aqui o vídeo onde eu acreditava que poderia ajudar os alunos a pensarem criticamente sobre a ideia deles:


Nossa!!! A culpa então de tudo isso é da mídia, da imprensa? É claro que não! Mas só quero mostrar como há poucos anos de sediar os mais importantes eventos esportivos em nosso País, não nos preocupamos em formar gerações que entendam melhor sobre formação pessoal, esportiva e profissional. Isso acontece na tv, mas isso também acontece por demais nas escolas, nas ruas e em todo quase todo lugar. "Pra que me esforçar se as chances de vencer é pequena?" É um pensamento que criticamos, mas que por diversas vezes praticamos sem notar. E o esporte, logo ele tão criticado nas escolas, poderiam e deveriam trabalhar melhor estas questões como forma de educação.

E vocês? O que acharam deste vídeo? Confesso que não gostei muito e é por isso que tenho procurado fazer outras coisas no horário do almoço que não seja assistir tv.

Venho aqui em breve falar um pouco mais sobre essa nova moda do "Piadinha Esporte Clube"

Abraço à todos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O gigante está doente.

Antes de ler o post, reveja, ou veja pela primeira vez, este comercial:


Assisti esse comercial tem pelo menos 3 semanas. E assim que o assisti, o procurei na internet para ver inteiro. Pensei duas vezes antes de vir publicá-lo, pois o primeiro empecilho que vi foi o fato dele estar fazendo propaganda para uma empresa de bebida alcoolica. Mas enfim, tentei passar por cima disso, pois concluí que o comercial havia instigado meu senso crítico e pensei que poderia ter feito o mesmo com tantos outros.

A cada ano que passa tenho me tornado menos fã de televisão. Hoje em dia assisto a poucos programas, pois me sinto muitas vezes próximo da idiotice ao ver o que a tv transmite. Nos comerciais então, pior ainda. Essa modinha dos comerciais terem que ser, quase por obrigação, muito engraçados (o que geralmente não são, mesmo tentando ser), me incomoda bastante. E a minha maior frustração na televisão quando vejo telejornais esportivos, é ver que a modinha da piada e gracinhas também invadiu esse meio. Confesso que fico numa luta interna entre ver as reportagens e desligar a tv, mas isso certamente será melhor contado futuramente em outro post aqui no blog.

O comercial então me despertou interesse por arriscar-se a falar do Brasil. Inicialmente me tocou muito mais por saber que no Rio de Janeiro há uma extensão rochosa beirando a orla da cidade, que em uma vista panorâmica parece formar a imagem de uma pessoa deitada. Este "monumento" natural é conhecido como "Gigante adormecido". Em um minuto de propaganda sem falas e com apenas uma frase de desfecho, o comercial tenta mexer com nossos sentimentos em relação ao nosso País. Era tarde da noite, estava perto de dormir, mas não tive como deixar passar a confusão de sentimentos que o comercial me causou. 

À esquerda a pedra da gávea (cabeça) e à direita o pão de açúcar (pé).


Inicialmente me identifiquei e me senti orgulhoso. O amor que sinto pelo meu País, vi ali representado. O orgulho de ser parte de uma nação que sofre, mas que de alguma forma tenta ser forte e crescer a cada ano, me fez olhar a propaganda com um olhar romântico, empolgado imaginando a exposição que o Brasil terá agora sendo um dos centros esportivos nos próximos anos ao sediar grandes eventos. 

Mas o romantismo não durou muito. Como me considero uma pessoa bem crítica ao que recebo de informação, comecei a me questionar: Que crescimento é esse do qual estou falando? E de que exposição estou pensando? A exposição de um País que está entre os países que mais "investe" no esporte de alto rendimento no mundo, que vai gastar bilhões e mais bilhões para construir uma estrutura para receber os jogos nos próximos anos, utilizando-se de um discurso onde versa que deixará um imenso legado para o País (você se lembra do legado que o Pan 2007 deixou?) e que continuará deixando de investir em gestão e políticas públicas para o esporte, qualificação profissional na área de formação esportiva e de professor de Educação Física. País que continuará deixando as escolas e o senso comum acreditando que a Educação Física na escola só serve pra brincar e passar tempo ou que serve para detectar talentos esportivos e espelha nossa performance olímpica (nem o 8, nem o 80.. é muito mais que isso).





Temos hoje, um Brasil que tenta se agigantar de forma errônea: Que "aluga" militares para ser campeão dos jogos mundiais militares (temos mesmo a melhor formação esportiva militar do mundo?), que leva boa parte de seus atletas de ponta para tentar mostrar que somos potência esportiva no Pan (dá uma olhada nesse link aqui se você acredita que estamos entre os melhores) enquanto outros países, ditos de ponta no esporte, tentam mesclar grandes atletas e jovens promissores que precisam de experiência internacional. 



Esse é o mesmo Brasil, aquele que é gigante pela própria natureza, que é marcado pelo uso indevido do dinheiro público, que faz estádios em cima da hora e aperta o passo para conseguir as obras de urbanização  das cidades sediantes destes eventos, atropelando projetos, e que por falta de um planejamento decente, vai gastar muito mais do que deveria com estas obras, e que mesmo assim, apesar de melhorar estas cidades, terá de fechar ruas, proibir o direito de ir e vir da população para conseguir fazer um evento seguro, e que no fim das contas dirão de boca cheia: "Tá vendo! Deu tudo certo! Mesmo contra todos que torciam contra."

Percebendo apenas algumas destas questões (isso porque existem inúmeras outras), me pergunto como anda a vida deste gigante. Ele acordou, até concordo, mas penso que ele mesmo que acordado, está doente. Deve ter adoecido por ter sofrido muito tempo com complexo de inferioridade e, sendo assim, acabou buscando caminhos errados para tentar se firmar. Esse tipo de conduta acabou fazendo com que o gigante sofresse e entrasse numa depressão profunda, onde ele sabe que é bom, sabe que tem potencial, mas por tempos agindo de forma errada, está pagando com a consciência por estar acostumado a querer as coisas de maneira fácil. Muitos olham para o gigante, admiram a sua beleza e sua imponência e dizem: "Este é o gigante do futuro!" Mas internamente a história é diferente. Lá dentro do seu consciente, há pensamentos onde afirmam que há muita coisa errada nele e que são questões difíceis de mudar.

Dessa forma, o gigante precisa de uma boa terapia (talvez seja necessária medicação), de uma franca conversa consigo mesmo e acima de tudo, precisa tomar uma decisão firme para sua vida.

 "Afinal, o que você quer da vida, gigante?
 Vai continuar orgulhoso de ter se deitado em berço esplêndido?" 




A hora é de mudança e a cada vez que sinto esse orgulho de ser brasileiro ao ver uma propaganda como essa e a cada vez que descubro que sou parte, uma pequena célula que compõe este gigante, tenho vontade de vir aqui falar que este corpo no qual habito, está adoecido, viciado em costumes e em uma vida que tenta muito mais parecer ser, do que realmente tenta lutar para ser e fazer algo diferenciado e significativo.

Cada um de nós deve lutar pela saúde do nosso Gigante Brasil. Cada um de nós é responsável por um pouco do que acontece de errado. Devemos assumir nossos erros e lutarmos para entrarmos no rumo certo. A política esportiva adotada para estes mega eventos já pegou o caminho errado. Já estamos em cima da hora e a torcida agora é para que fique o menos errado possível dentre tantos erros cometidos. Mesmo assim, ainda temos a chance de fazer algo, de votar melhor, de nos envolvermos mais, ou então vamos esperar por outra propaganda, que numa noite qualquer de surpresa, nos lembre do orgulho imenso de ser brasileiro, mesmo sabendo que estamos muito longe ainda do ideal.

Abraço a todos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Papo com Ronaldo Pacheco





Ele que tanto ajuda este blog com artigos e ideias, Ronaldo Pacheco, agora está com uma matéria bem bacana no site da Liga Nacional de Basquete. Lá ele fala sobre temas que pertencem ao esporte, mas que também permeiam a educação. Elementos que têm se distanciado dentro da escola e dentro das equipes esportivas.

Não consegui carregar o arquivo aqui, então vou colocar o link para vocês irem até lá dar uma conferida no papo. Pra fechar, vale lembrar que tudo o que Ronaldo fala tanto em seus textos como em seus debates, ele pratica. Fui prova viva disso por ter sido seu atleta e seu aluno e continuo sendo prova disso, pois acompanho seu trabalho de perto pela amizade que foi criada. É importante dizer isso, pois são diversos que passam pelas mãos dele como aluno e que na hora de irem pro batente, desanimam e cometem a infelicidade de dizer que o que Ronaldo prega em suas aulas é só discurso e utopia. É devido a professores como estes que não conseguem encarar a dura realidade de mudar a Educação Física e o Esporte no Brasil, que o nosso País padece com um trabalho educacional esportivo pouco fortalecido. E é por causa de pessoas como Ronaldo Pacheco, que ainda há esperança de um trabalho de qualidade.

Chega de papo e aproveitem o link e a matéria.

Abraço a todos.

sábado, 22 de outubro de 2011

Vale a pena ver de novo.


Apesar de recente, sei que muitos não viram a final da Eurobasket 2011 entre Espanha e França no mês passado. Pesquisando na internet vídeos sobre basquete ( o que tenho feito com muita frequência), acabei encontrando o jogo na íntegra. Escolinha um dos links para quem tiver tempo pra assistir, pois vale a pena ver o nível do jogo das duas seleções. Seleções estas, que serão prováveis adversários do Brasil nas Olimpíadas em Londres ano que vem.

Fica aí pra quem quiser assistir.

Abraço a todos!

domingo, 16 de outubro de 2011

MJ




De tempos em tempos costumo ver alguns vídeos que gosto e que acredito que me inspiram sobre essa paixão chamada basquete. Um clássico que certa época cheguei a assistir diariamente, é um vídeo que mostra através de diversas imagens a carreira de Michael Jordan. O vídeo me chama atenção, pois não se destaca por mostrar os melhores lances dele. Aliás ele começa mostrando o seu discurso de retirada do basquetebol. E este fato foi bem marcante pra mim. Lembro-me bem com meus 14 anos, receber a notícia de que Jordan estava se retirando do basquete. Naquela época eu já me orgulhava de ter tido a chance de ver jogos dele ao vivo, mesmo que pela tv. Ainda bem que tive a chance de ver muito mais coisa e o vídeo, embalado por uma ótima trilha sonora, mostra esta trajetória de Michael Jordan que venho aqui de alguma forma dividir com vocês.




Talvez pelo dia chuvoso e o momento ocioso de domingo, resolvi buscar mais vídeos interessantes sobre Michael Jordan. Confesso que acho tudo uma grande repetição e poucos me empolgam, mas nesse meio todo de vídeos e edições parecidas, outro dois me chamaram a atenção. Este que vou postar agora me interessou porque quem o editou resolveu mostrar diversas habilidades de Jordan. Ele mostra uma série de enterradas e o jogo agressivo de Jordan, depois mostrar outra série de boas defesas e roubadas de bola, mais a frente mostra diversas assistências, e mostra algo que talvez tenha mais me chamado a atenção, uma série de erros de Jordan nos segundos finais. Jogos em que ele foi escolhido pra decidir e que não obteve êxito em conquistar a vitória pra sua equipe. Mas é claro que no final o vídeo traz uma série de jogadas sensacionais de Jordan, seja nos segundos finais, seja jogadas de alta plasticidade, o vídeo conseguiu me chamar atenção por tentar mostrar como Jordan era completo como jogador e também divido aqui com vocês:



E por fim, apesar da imagem não estar com boa resolução, um vídeo que também me chamou a atenção, mostra os últimos momentos de Jordan em sua última passagem no basquete da NBA defendendo a equipe do Washington Wizards. Jordan, com 40 anos na época, conseguiu performances de bom nível, com boas atuações em alguns jogos, cestas decisivas nos segundos finais e a cena final em seu último jogo, onde o público não consegue parar de aplaudir o astro, como numa reverência a tudo que este atleta fez pelo basquetebol. Segue este vídeo também:



Vendo todos este vídeos, a sensação que dá inicialmente é um distanciamento do basquete praticado por um gênio como Jordan e pelo basquete nosso de cada dia. Parece ser algo inalcançável, de filmes e sonhos. Mas por outro lado, por saber que se trata de um ser humano, que treinou, se dedicou, acreditou no seu sonho e que se deu a chance de ser melhor a cada dia, torço para que os atletas brasileiros, apaixonados pela modalidade, possam entender que o basquete é um esporte que demanda entrega, estudo, aperfeiçoamento não apenas técnico e que precisa ser aprendido de diversas formas. Você melhora muitas vezes quando erra, melhora tantas vezes quando descansa, melhora diversas vezes quando assiste o jogo, quando aprende a ouvir, mas principalmente, quando se compromete consigo mesmo e com sua equipe. Já cansei de ver talentos que não entenderam que precisavam continuar treinando e evoluindo, que precisam entender cada vez mais as carências e necessidades de suas equipes. E assim, após anos sendo estrelas das divisões de base, hoje consomem o basquete apenas como espectador das arquibancadas e da tv.

Para aqueles que ainda acreditam que podem melhorar a cada dia, espero que estes vídeos inspirem a você tentar ser melhor do que você vem sendo. Essa é a melhora significativa. Que move não só você como todos a sua volta.

Abraço a todos.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ser professor é ir além.

Ser professor é ir muito além do que se espera desta profissão. É passar a entender que por diversas vezes não irá receber as condições ideais de trabalho, que não terá muito tempo no ano para seus afazeres pessoais, que terá e será um pouco de família agregado a cada aluno e que em alguns momentos será também remetido à sua própria formação. É relembrar um pouco da educação que recebeu e selecionar o que vale a pena passar adiante e o que pode-se tentar mudar para melhor. Mas acima de tudo é tentar acreditar por dias melhores. É saber que talvez não esteja aqui presente para ver a transformação que se sonha, e mesmo assim, continuar fazendo por todos, mesmo aqueles que muitas vezes não acreditam no seu ofício. 





Ser professor é tentar entender uma realidade dura, onde as escolas muitas vezes são "depósitos de alunos", onde a família muitas vezes não faz parcerias com a escola e que ainda te cobra pelo que se omitiu da criação de seus filhos em casa. Mas ser professor é ter a chance também de conhecer alunos incríveis que te mostram que se é tão pouco perto deles: ávidos por aprender, por fazer um novo mundo, e com famílias presentes, que sabem que uma boa formação não é feita apenas no sucesso de seus filhos, mas também é feito da dúvida, do erro, da tentativa e do aprendizado com as situações.







A vida cotidiana de um professor é recheada de fortes emoções, de dúvidas constantes, mas certamente de aprendizados incríveis. Falando de Educação Física, ser professor é se reciclar a cada dia, a cada aula e tentar estar atento às nuances de uma aula. É reconhecer os alunos que querem se envolver, mas que têm medo de participar, já que em muitas escolas só "os bons" jogam. É ser entusiasta, observador, enérgico, e com disposição muitas vezes para ver as coisas erradas que não pertencem à nossa área, e não desistir de tentar fazer uma aula digna para todos, que envolva conhecimento, aprendizado, mas que não se esconda em um simples rolar a bola, sorrisos, omissão e carisma.

Tenho amigos e conhecidos que dizem que ser professor cansa, é desgastante, não dá o retorno que se espera e ainda se é cobrado, por muitas vezes, de forma injusta e por isso, não se sente "motivado" pra se preparar melhor e dar aulas diferenciadas. Entendo estes e concordo com toda essa realidade desenhada. Mas a estes, aproveito a data de hoje e os digo: Saiam da profissão! Vão buscar outros caminhos. Não acredito que há uma profissão fácil, tranquila e que não envolva desgaste emocional durante sua prática. Fazer a diferença é desgastante sim. E se você não vê sentido em fazer isso sendo professor, saia e vá encontrar seu novo caminho e felicidade.

Para estes professores abnegados, que se envolvem, acreditam, enxergam muita coisa errada, mas que não deixam esses acontecimentos abalarem sua prática, homenageio com um texto que gosto muito e que vez em quando leio para tentar me perguntar se continuo tentando fazer a diferença diariamente. Para aqueles que se formam e procuram maneiras de não lecionarem, que chegam em casa e não entendem o sentido daquele trabalho todo dia, peço mais uma vez: Procurem o caminho de vocês e abram portas para quem quer ser professor! Não há nada de errado em procurar um novo caminho e recomeçar.

Um abraço a todos e parabéns àqueles que acreditam e praticam sua profissão não só com alegria, mas com garra, enfrentamento, estudo e ousadia.



    A síndrome de beija-flor
 Ao contrário das demais aves, que voam com o corpo na posição horizontal, o beija-flor voa na vertical. Por isso, suas asas não batem para cima e para baixo, como as de seus colegas de pena, mas para frente e para trás. 

Essa proeza requer enorme esforço. O beija-flor precisa bater as asas mais de sessenta vezes por segundo e seu coração pulsa 1260 vezes por minuto. É claro que, para ter tanta vitalidade, o beija-flor precisa de energia. Muita energia. Ele consome, a cada dia, entre metade e 3/4 do peso de seu corpo em açúcar.  

Daí vem o grande paradoxo dos beija-flores: nada menos que 80% da energia que produzem é gasta apenas para sustentar seu peculiar estilo de voo. Se um beija-flor aprendesse a retirar o néctar das flores pousando na planta em vez de ficar batendo asa ao lado dela, como um helicóptero de penas, reduziria sua carga de trabalho em 80%. Teria menos estresse e não sobrecarregaria tanto seu coração. 




Por que, então o beija-flor nunca pensou nessa solução mais cômoda? Porque se transformaria em um passarinho qualquer. E teria duas opções de vida: ou ficaria trancado em uma gaiola, piando na hora certa e ganhando sua raçãozinha de alpiste, ou viveria uma vida de pardal, voando anônimo pela vida. 

Ser diferente das outras aves não é a sua opção. É a sua natureza. Nas empresas, existem pessoas que fazem um monte de coisas ao mesmo tempo, frequentam tudo quanto é curso, têm ideias e sugestões. Essas pessoas incansáveis são os beija-flores das empresas. 

Mas essa gente, quase sempre, é mal-entendida pelos colegas de trabalho. O que o funcionário beija-flor chama de entusiasmo, seus colegas classificam como falta de foco. O que chama de dinamismo, seu chefe chama de dispersão. 

Por que o profissional beija-flor insiste em ser acelerado e criativo, quando seria muito mais fácil ser igual a todo mundo? Porque ser diferente dos colegas não é sua opção. É sua natureza. 

Max Gehringer



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Olhe-me nos olhos.


Na correria e sem organização necessária pra atualizar o blog, venho aqui dividir mais um vídeo da série de propagandas da Nike Jordan. A série de comerciais tem o nome de "Torne-se uma lenda" e trata de vídeos de um minuto no qual fala sobre questões e dúvidas que muitas vezes temos no meio do esporte(Já postei alguns aqui anteriormente). Mais uma vez o que me atrai nessa série de vídeos é o fato dele utilizar os atletas patrocinados pela marca, que são atletas mais que consagrados, para falar de temas que normalmente falam sobre a imprevisibilidade do esporte (e por que não da vida?).

Esse vídeo em especial me faz lembrar aqueles momentos em que estamos de frente pro espelho com nós mesmos e que tomamos a coragem de nos perguntar se estamos no caminho certo, se temos feito tudo mesmo para correr atrás de nossos sonhos. Ultimamente tenho encontrado antigos conhecidos, pessoas que não fazem mais parte do meu cotidiano, mas que tiveram por uma época na minha vida uma participação importante. É muito bom reencontrar alguns e ver que eles continuam lutando diariamente pelos sonhos deles de lá atrás. Mas é incrível também encontrar pessoas que de uma forma ou outra, simplesmente desistiram de lutar, apenas sobrevivem, sem grandes sonhos, sem grandes metas, enfim, apenas cumprindo o que seu dia lhe pede, e muitas vezes, reclamando do que tem. 


Nessas horas tento vencer meus medos internos e tento realmente me olhar, perguntar e responder se estou seguindo e fazendo o que acredito ser certo e o que acredito que possa me fazer olhar pra trás e dizer que a vida valeu a pena. 

Você tem feito isso? 



Estou numa fase que tenho feito isso quase todo dia. E por isso venho compartilhar esse vídeo com vocês.

Abraço a todos.


PS: Se precisar da legenda, não esqueça de ativá-la no ícone "CC" do vídeo.




quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Distúrbios de aprendizagem



Meus últimos dois posts foram sobre professores que se acomodam na função docente e que se utilizam da força hierárquica de ser professor para dar aulas desprogramadas e pouco atualizadas. Dando aula do jeito que sempre deu e colocando no aluno muitas vezes a culpa por qualquer tipo de fracasso. Tenho visto e descoberto casos de professores em escolas e universidades, que me indignam. Professores que não têm a mínima humildade de buscar informação de qualidade para tentar sensibilizar e provocar melhor seus alunos. Esse problema é na educação em geral e não é uma exclusividade de educação física. Mas ando mesmo indignado, pois tenho descoberto professores(mestres e doutores) que andam dando aulas de forma descontextualizada e que andam se utilizando de suas titulações para garantirem a sua razão.

Hoje, antes de dormir, há poucos minutos atrás, tentei pegar um livro pra ler e pegar no sono. O livro se chama "Ostra feliz não faz pérola", de Rubem Alves. No capítulo onde ele escreve pequenos textos sobre educação, um texto em especial me chamou atenção e me fez levantar, acender a luz e vir aqui dividir com vocês. Espero que sirva para instigar em cada um a vontade de ser observador, atencioso e crítico com o que se recebe de conhecimento. Espero que gostem.

"Andando pelas ruas de uma cidade do interior paulista, encontrei um clínica de psicopedagogia que anunciava sua especialidade em ´Distúrbios da aprendizagem`. Dei-me conta de já ter visto muitas clínicas com a mesma especialização, mas nenhuma que anunciasse ´Distúrbios de ensinagem`. Por acaso serão só os alunos que sofrem de distúrbios? Somente eles têm dificuldades em aprender? E os professores? Nenhum sofre de distúrbios de ensinagem? Que preconceito nos leva a atribuir o problema sempre ao aluno? Que providências terapêuticas tomar quando o perturbado é o professor? Mas que psicólogo terá coragem para passar-lhe esse diagnóstico? É mais fácil culpar o aluno."                                                                                                                   
Rubem Alves

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quando a boa formação está ao acaso.


No último sábado encontrei um colega de profissão. Nunca trabalhamos diretamente juntos, mas pertencíamos a mesma instituição. Dos breves encontros pelos corredores, sempre uma conversa rápida e uma admiração pela retidão profissional e tudo parava por aí, não tínhamos muito mais o que dizer. Mais a frente, acabei sendo professor de seu filho, e aí, deixamos este acontecimento ajudar em nossas conversas. Falávamos um pouco sobre o desenvolvimento de seu filho, sobre o ensino nas séries iniciais, e claro, falávamos um pouco de Educação Física.



Neste sábado em um encontro casual, rapidamente falamos sobre seu filho, no qual não dou mais aula. Falamos sobre as dificuldades e medos que as crianças enfrentam muitas vezes nessa descoberta da formação escolar, esportiva e pessoal. No meio dessa conversa, este meu colega me confidenciou que havia colocado seu filho em uma escolinha de esportes, mas que não durou muito tempo. Com o passar das aulas e o acompanhamento feito pelo pai, ele me contou que não gostava da maneira que o professor lidava com as aulas e alunos. Me contou sobre como o professor usava das aulas apenas para brincar, aleatoriamente com os meninos, como não havia feedback sobre a aprendizagem dos pequenos praticantes e como o professor atuava de forma omissa, sentando-se ao canto e deixando os meninos apenas jogarem, chamando aquilo de formação esportiva. Por fim, este meu colega de profissão, me confidenciou que se sentia sem graça de conversar com o professor, pois ele era "boa praça", e que preferiu mesmo tirar o filho de lá.

Entre uma educação ao acaso e uma brincadeira na rua, qual a diferença?

É claro que o pai agiu corretamente em tirar o filho de um trabalho que diz que vai formar a base esportiva e motora da criança e que na verdade trabalha ao acaso. Pensem comigo: se deixarmos os meninos na rua brincando, é bem provável que os meninos também se desenvolvam. Mas este desenvolvimento fica ao acaso, não recebe estímulos externos e não tem uma programação para tentar desenvolver outras potencialidades que o garoto possa demonstrar ter defasagem. Sem contar que nessa idade de formação, é fundamental a fala do professor pra lidar com os diferentes acontecimentos que cercam um jogo. É importante trabalhar os valores do jogo, onde nem sempre os melhores vencem, onde nem sempre perder é significado de menor entrega, capacidade ou dedicação. Mas, quero deixar claro, que trabalhando ao acaso, se deixarmos nossos alunos "livres" com o discurso de que "não estou fazendo especialização precoce", tudo pode acontecer, pro lado bom e ruim da formação.

Apesar de falar bastante sobre esse caso, o que mais me chamou atenção eu pouco enfatizei. O que mais me chama atenção negativamente e que quero começar a escrever sobre isso, é o caso do "boa praça". Diversos professores espalhados pelo Brasil, se escoram no carisma, no "gente boa", para darem suas aulas. Não estudam, não se reciclam, não tentam entender a demanda do local onde lecionam e tentam tratar com sorrisos, piadas, frases prontas e causar esta sensação que deu no pai que me confidenciou o caso que contei. O pai se sentia deslocado em exigir uma aula de qualidade pro filho, tudo porque o professor era uma "figura bacana". Somos por diversas vezes protecionistas a este tipo de caso. E saibam que não estou falando de professores de escolinhas apenas. Estou falando de professor de educação física em geral. Do ensino infantil, das academias, dos que atuam em empresas, passando por ensino fundamental, médio e certamente, ensino superior(graduação, especialização, mestrado e doutorado).

Improviso, frases prontas e carisma. Precisa algo mais?


Quando chega na área acadêmica então, a coisa se complica mais ainda. Muitos professores se aproveitam de suas titulações, pra afastar o seu nível conhecimento do nível de conhecimento dos alunos.Assim,  pouco estimulam seus alunos a desenvolverem a capacidade crítica de suas próprias aulas. O que acontece, é um silencioso pacto medíocre de "eu finjo que dou aula e você finge que aprende algo". Já passei por isso quando aluno. Não entendia a ligação entre o que o professor passava e o conteúdo que deveria ser trabalhado. Mas o professor era bacana, gente boa, amigo e eu achava que era aquilo mesmo então. Depois de estar formado, de começar a dar aulas e ver o que me faltava, descobrir minhas lacunas e conhecimentos que deveria buscar, descobri que muitos professores se aproveitam dessa relação hierárquica que existe na educação. "Eu sei mais que você, então você não tem capacidade para me questionar" Isso acontece muito! Muito mais do que possamos imaginar. E o que fazemos? Nada! Ou quase nada! Muitos agem como meu amigo me contou. Preferem esperar o fim do que tentar questionar,  e tentar ajudar não só o professor a melhorar, mas também a instituição ter uma aula com maior qualidade. Já vi professores doutores ensinando metodologias na universidade que contradiziam tudo o que eu estava estudando. O que ele pregava era tido com antigo e perigoso de se fazer. E sabe o que fiz? Me calei. Havia prova de avaliação do curso e eu me dizia: "Sou garoto, não tenho tanto conhecimento assim, como posso  avaliar um professor que já é doutor?"

Enquanto alunos, parecemos ter "preguiça" de mudar o que está errado.


Triste arrependimento, pois olhando agora pra trás, vejo o quanto contribuí para uma má formação de outros alunos que lá estudam hoje em dia. Não sei se mudaria algo, mas é aquela história de fazer a sua parte e ser condizente com o que se diz e se faz. Não estou fazendo uma apologia ao protesto, brigas e discussões. Estou apenas querendo ressaltar que você tem o direito de ter uma boa aula. Portanto, exija isso, de forma educada, inteligente, mas exija. Por vezes falo isso aos meus alunos da escola, é claro que devo errar a mão diversas vezes em minhas aulas, e os estimulo a me criticarem. Mas não a crítica pela crítica, estimulo uma crítica que tenha fundamento, novas propostas e uma ideia de melhorar a qualidade do ensino. Devo muito da minha evolução docente aos meus alunos. Isso é fato. Não tenho medo de ser julgado por eles, pois estou aberto as críticas, ao debate e as mudanças, mudanças minhas e deles também.

Bom de conversa, boa praça e não quer nada com o trabalho. Já viu gente assim lecionando?


Já vi professor universitário que dava aula a noite, um dia fixo na semana, com sua aula marcada pra terminar às 22h50, terminar sempre às 21h30. Por semana, ele negligenciava 80 minutos de aula. Consegue, imaginar o quanto de aula a menos ele dava por ano? Ruim essa situação, não é mesmo? Sabe o que os alunos achavam disso tudo?

"Maravilha! Esse professor é ótimo. Sempre termina mais cedo no dia que tem futebol na tv!"


Que tipo de ensino você quer? Você anda sendo crítico e contribuindo pra melhoria de seus professores e da instituição que você estuda?

Está na hora de começar a fazer algo. 


Pense nisso.


Abraço à todos.


PS: Quero deixar claro de que se estou aqui escrevendo isso, é porque lamento maus professores ocupando tantos espaços, pois eu tenho a certeza de que existem professores fantásticos, envolvidos, carismáticos, outros mais reservados, mas acima de tudo profissionais fantásticos, com sede de aprender, evoluir e levar seus alunos a melhorias sempre. Sou fruto de diversos desses. Não quero parecer que não acredito na profissão. Apenas estou tentando mostrar o quanto deixamos os medíocres dominarem os espaços existentes.

sábado, 10 de setembro de 2011

Sobre alunos e professores

Ontem em uma aula de educação física na escola, programei uma situação onde meu objetivo principal era fazer com que os alunos percebessem a necessidade de organização em diversos tipos de atividades, desde brincadeiras, até jogos esportivos. Tenho tentado mostrar aos alunos que o que nos acontece nos jogos é um pouco reflexo do que somos em sala de aula e por que não dizer na vida. Como planejado, alguns jogos geraram diversos conflitos de organização e como já esperado, tive de ir aos poucos intervindo tentando ajudar os alunos a perceberem que se organizar é uma tarefa que não garante o êxito, mas que te mostra caminhos escolhidos e a longo prazo pode ser capaz de te mostrar o que você pode fazer para melhorar.


Além disso, a riqueza de trabalhos assim é ver o quanto eles ainda têm dificuldade de se relacionarem e entenderem que nem todas as ideias podem ser assimiladas e praticadas ao mesmo tempo. Tudo então se torna um processo e o importante disso tudo, é ao final da aula, tentar avaliar os erros e acertos e quais tentativas ainda podem surgir para as próximas situações de aula. 

Mas confesso que uma fala de um aluno hoje me chamou a atenção e me lembrou algo que pensei recentemente. No meio do jogo, este aluno notou que sua equipe não conseguia manter a sua prévia organização. A equipe deu diversas ideias para serem praticadas no jogo, mas de acordo com a imprevisibilidade do jogo, com a atuação e oposição do adversário e a pouca comunicação entre eles, muitos começaram a tentar encontrar soluções sozinhos, o que acabou não dando um efeito positivo pra equipe (nem sempre é assim, as vezes reações assim acabam dando certo e é preciso saber intervir) e a partir daí a equipe começou a se desmotivar e a atuar pouco coletivamente. Percebendo este fato, fui em um aluno que considero influente na equipe e em meio ao jogo acontecendo o questionei do porquê que eles não tentavam se organizar pra melhorar a partida. Ele de uma forma um pouco desmotivada me respondeu: "Eu estou tentando, mas o grupo não quer ajudar!" 

Muitas vezes é bem mais fácil resolver os problemas do jogo sozinho com suas próprias habilidades.
Pensei rapidamente sobre essa resposta e perguntei a ele quem era esse grupo. Ele rapidamente me disse que era sua equipe. Aproveitando essa deixa, tentei questioná-lo se ele não fazia parte desse grupo e se talvez ele também não estivesse tentando o necessário para tentar melhorar. Disse a ele que muitas vezes quando vemos as coisas difíceis, acabamos por falar dos outros isoladamente como se não fizéssemos parte disso. Tivemos uma boa conversa, apesar de rápida, e levamos essa discussão para a conversa final da aula.

Esse fato me lembrou que dia 1º de setembro tivemos a "comemoração" do dia do profissional de educação física. Sinceramente não ligo muito pra esse dia que foi criado muito mais por uma tentativa de legitimação do conselho federal de educação física do que por qualquer outra coisa. Pra mim, nosso dia é 15 de outubro, dia do professor, pois assim me sinto, um professor acima de tudo. Mesmo falando assim sobre essa "data festiva", não vejo muitos motivos para festas, nem também recuso os parabéns pela data. Penso que com essa data até tenho chance de falar um pouco mais sobre minha área de atuação onde trabalho. Mas as coisas param por aí. Quando vejo tudo o que cerca essa data, vejo dois extremos que me preocupam. Primeiramente os relatos que vejo sobre o curso de educação física, vejo professores muitas vezes com anos de carreira em faculdades, com títulos acadêmicos, dando os parabéns para os professores, dizendo que a área é relevante porque gera alegria, porque é muito bom dar aula, porque os alunos são bacanas. Sinceramente, não é isso que me motiva na área e talvez relatos como esse me causem mais tristezas do que alegria. Há muito tempo vejo as pessoas resumindo a nossa área como a área da diversão. Amo o que faço e claro que me divirto com isso. Mas não seria a palavra que eu usaria para resumi-la.


Por outro lado vejo muitos indignados com as condições de trabalho e seus salários, seja na escola, academia ou onde quer que seja. E muitas vezes estes "colegas" apontam dizendo que não dá pra fazer muito com um reconhecimento assim. Do mesmo jeito que vejo muitos protestando contra o trabalho do conselho federal e regional de educação física. Acho bacana a iniciativa de tentar fazer a diferença, mas me incomodo quando vejo que muitos que reclamam, trocam suas energias que poderiam ser também canalizadas para investirem em fazer boas aulas, e estudar mais a área, para ficarem no campo dos protestos, e assim,  não "dão o gás" pra tentar fazer a diferença dentro de seus trabalhos. E aí me lembra muito meu aluno da aula de ontem. É como se muitos professores que protestam dissessem que ele está tentando fazer algo bacana, mas o grupo (sociedade, leis, administradores) não está querendo.

E quem é este grupo então? Somos nós, professores que devemos hoje em dia lutar por uma aula melhor, por oferecer um conteúdo significativo aos nosso alunos e devemos tentar ressignificar a nossa imagem de "oba boa". Me cansa ver professores que escoram seu trabalho apenas em seu carisma, que querem ser "gente boa" pra não serem contestados. Atuarem de forma permissiva pra não levarem problema pra casa. Esse sim, ao meu ver, é um grande desafio que devemos tentar mudar sobre o professor de educação física. Muitos reclamam com razão daquele professor "rola bola" que não tem nada a acrescentar. Mas também deveriam criticar aquele que não ensina direito os movimentos, que não incentiva a aprendizagem motora com um discurso falso moralista de que trabalha o social em prol da formação humana.

É mentira! Estamos cheios de professores em nossa área que não estudam e trabalham com os conceitos e teorias apenas vindo da faculdade. Não se renovam e ficam se prendendo a antigos discursos porque querem o mínimo de problema possível, como se nas outras áreas fosse tranquilo trabalhar e não houvesse problemas. Ainda existem aqueles que dispensam os alunos mais cedo porque a aula é pratica e com poucos alunos vai acabar deixando todos muito cansados, como se não houvesse mais o que se aprender além da prática. Isso existe muito em diversas escolas e (pasmem) em faculdades. A mensagem que está sendo passada é essa: Não temos tanto assim pra acrescentar em nossos alunos. Esse lado eu  realmente não aguento mais e vejo muitos atuando como se fossem pequenos alunos, reclamando do grupo, das condições "do jogo", mas fazendo pouco por ele. Por isso, quando sou parabenizado e questionado do que eu acho do dia do profissional de educação física, ao invés de fazer um discurso político contra tudo, prefiro ter a chance de falar sobre nós professores, que ainda estamos devendo em nossas atuações.

Nessas duas últimas semanas estive participando de algumas aulas no ensino superior de educação física onde o tema era sobre a intervenção pedagógica na escola. Tentei falar sobre isso. Apontei situações de êxito que obtive em meus trabalhos, mas tentei não deixar parecer que tudo é "bonitinho", porque não é. Nessas aulas pude ver diversas pessoas que querem encarar a escola e tentar fazer algo bom com o que tem e isso me deixou profundamente motivado. Mas sei que lá dentro o perigo é de muitos se contaminarem com os "zumbis da educação" (farei um post melhor em breve sobre esse termo) que não querem trabalho.  Trabalhar dá trabalho e você não se diverte o tempo todo. Mas pra quem acredita no que faz, o produto ao longo do tempo é recompensador. Para alguns é recompensador porque o trabalho é "sossegado" (infelizmente já ouvi muito isso), mas enfim, nessas horas descubro que meu aluno que estava desmotivado na minha aula por causa do problema difícil de resolver no jogo, mal sabe o que espera por ele. Lá na frente ele descobrirá adultos que dão aulas sorrindo e brincando, mas que por trás não aguentam mais a área e que querem se ver livre daquele trabalho. Espero ajudar estes meus alunos a compreenderem que esses desvios existem, mas podemos fazer diferente.

Não pense que esse meu post me mostra pessimista pela minha área de atuação ou que penso que a grande maioria dos professores não prestam. Muito pelo contrário, sou apaixonado pelo que faço, pelo que estudo e pelo que aprendo com meus alunos e sei que existem muitos professores envolvidos, capacitados e que não se rendem às situações de adversidade que lhe aparecem. Mas penso que hoje em dia precisamos expor mais aqueles que enganam dentro das academias, salas de aula e quadras em nosso País.

Eu me decidi, pelo menos no dia de hoje, a falar e fazer um pouco disto.

Espero nos encontrarmos em breve por aqui.

Abraço à todos