Neste fim de semana a equipe que treino não conseguiu alcançar uma vaga na final da competição que disputávamos. Desde fevereiro falávamos sobre esta possibilidade. Sonhávamos juntos e treinamos pensando que seria possível uma vaga na final desta competição. Não conseguimos, mas diante deste resultado conseguimos tirar diversas lições e conclusões. Lições estas, que serão base para o restante do trabalho neste ano que ainda está mais perto do início do que do fim. Mas perder e não conseguir algo que se tentava como aconteceu nesta competição, me fez lembrar uma coluna que escrevi pra outro site ano passado. E resolvi trazê-la pra cá pra colocar esta questão. Nos planejamos apenas para vencermos ou para fazermos um trabalho melhor e com mais qualidade? Quando escrevi esta coluna, lembro-me de que eu tinha plena convicção sobre cada palavra ali colocada. Mas a prática disso tudo é desgastante e requer envolvimento. Agora tenho em meu grupo, o desafio de provarmos a nós mesmos que em nosso planejamento, estar nesta final não era tudo e sim uma de muitas metas a serem alcançadas e planejadas previamente para este ano. Estou vivendo na pele o desafio de ser o que escrevi um dia lá atrás.
Fiquem com a coluna.
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Na maioria das vezes, ser técnico de basquete ou de esporte amador em geral é ser um abnegado que abre mão de outras coisas a se fazer na vida para conduzir um trabalho de formação no esporte que amamos. Levamos então, como o grande amigo Prof. Ronaldo Pacheco me disse certa vez, uma mistura pessoal de experiências vividas, sonhos, estudos e aprendizagem durante o tempo de trabalho com a modalidade.
No meio dessa mistura de influências que o técnico vive e constrói o seu trabalho, uma questão deve ser inabalável: o Planejamento. Este deve ser a viga que sustenta qualquer trabalho. Planejar para gerar qualidade na sua atuação, na sua informação. Existe uma diferença entre falar de improviso reagindo aos acontecimentos e preparar sua fala e ações para as situações que podem vir a acontecer. É na informação que está o caminho para a construção do seu atleta. E nesse processo de construção você transforma a informação em conhecimento. E com o conhecimento em mãos, o atleta será capaz de saber o que fazer e como fazer. Aí está a essência do técnico. Gerar informação e transformá-la em conhecimento. E o planejamento sempre vai te fazer buscar esse caminho.
Uma das características mais importantes do planejamento é a flexibilidade que ele deve ter. Durante uma temporada muitos acontecimentos mudam, opções táticas, de treinamento e de atletas com o qual você pode contar. Portanto, saber planejar é também saber que nem tudo que está no papel vai seguir a mesma seqüência. Desse modo, planejar fazendo um contínuo acompanhamento deste, faz com que você tenha uma boa condição de organizar e prever o seu trabalho, redirecionar o caminho a seguir e te oferece um feed-back mais palpável sobre o que tem sido feito. Deve-se lembrar que o planejamento se inicia por traçar objetivos, metas e é de suma importância que os mesmos não estejam colocadas acima das reais condições da sua equipe. Os objetivos devem ser desafiadores, exigirem esforços, determinação porém devem ser possíveis. Objetivos acima da capacidade de uma equipe podem gerar frustrações.
Ao planejar o técnico se depara com muitas dúvidas e questionamentos. Alguns ligados a objetivos e outros à metodologia, que são comuns a esse tipo de trabalho.
Reforço que os objetivos devem ser traçados diante das condições de trabalho que se tem. Analisar as opções de treinamento e a realidade de seu grupo de atletas pode dar um melhor sentido ao trabalho e fazer com que o grupo possa aprender através da prática do treinamento e para isso é necessário tempo. Muitas vezes o técnico numa típica ansiedade de ver o resultado acontecer, trabalha para que aquele atleta ou grupo alcance os resultados na temporada em que está acontecendo. É preciso entender que em se tratando de trabalho de formação, a evolução se dá com o tempo. Elaborar objetivos e a partir dele estabelecer metas de curto e médio prazo pode fazer com que o trabalho se torne mais efetivo.
Através dos resultados, vitórias e derrotas, busque enxergar o que seu grupo necessita para melhorar. Seja sincero com você e com seus ideais. O título passará através dos anos, mas a formação humana, cognitiva, afetiva e social que você pode dar a este atleta, jamais será esquecida. A cada acontecimento, será você técnico que será o exemplo de como reagir ao resultado. Saiba perder, saiba vencer. Saiba mostrar quando a equipe falhou muito mais que um simples erro de arbitragem. Saiba ver os pontos positivos do adversário mesmo quando o vence por mais de 30 pontos.
Seja exemplo e não apenas palavras. Cobre, elogie, questione, compreenda a dificuldade, enalteça os pontos fortes, mostre que as falhas podem ser melhoradas e que não são apenas defeitos fechados em si. Não espere que o retorno disso tudo aconteça sempre em suas mãos.
Faça porque é importante fazer e não porque você colherá o fruto em troca.
Planejar é investir na qualidade do seu trabalho. E através dos anos o planejamento torna-se uma experiência para a montagem de futuras temporadas.
Abraço a todos.
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